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Medicamentos na gravidez

Medicamentos na gravidez

Medicamentos na gravidez

Medicamentos na gravidez – Tudo o que você precisa saber antes de usar – Quais medicamentos podem ser tomados pela gestante, sem oferecer riscos? Como saber quais remédios estão liberados? Especialista explica

A gravidez é uma fase da vida em que as preocupações são redobradas. Se antes, ao ficar resfriada, você passava na farmácia e comprava um antigripal sem pensar duas vezes, agora, tudo ganha um peso maior. Será que aquele medicamento, vendido sem necessidade de prescrição médica, vai prejudicar seu filho? Esse receio faz todo o sentido e o correto é repensar mesmo. “Na verdade, ninguém deveria se automedicar. Na gestação, então, essa recomendação é ainda mais importante, já que o uso de alguns medicamentos, dependendo do tipo, da dosagem e do tempo de administração podem oferecer sérios riscos ao bebê, como malformação fetal, prematuridade, aborto e restrição de crescimento, entre outros”, explica o ginecologista e obstetra Lucas Olivotti, do Hospital e Maternidade Pro Matre Paulista (SP).

Mas e se você tiver algum problema ao longo da gestação e, de fato, precisar fazer uso de alguma medicação? Calma, não é que todos os remédios são proibidos e têm potencial de fazer mal. A questão é que a relação entre risco e benefício deve ser avaliada pelo especialista que acompanha a sua gravidez. “O uso dos medicamentos durante o período gestacional é indicado ou contraindicado de acordo com o quadro clínico da grávida e isso é avaliado caso a caso. Não é possível, de forma absoluta, dizer que um fármaco faz mal ou não”, aponta o especialista.

Atenção ao caso de mulheres que já faziam uso rotineiro de medicamentos para controlar problemas como alergias ou condições como hipertensão ou dores crônicas. No momento em que se descobre a gestação, é importante conversar com o obstetra para entender se o mesmo remédio pode continuar em uso ou se é preciso trocar, além de reavaliar a frequência e a dosagem. Na gestação, o corpo muda, a mulher ganha peso, é um novo cenário e uma situação diferente, com riscos adicionais. Por isso, é importante ter uma conversa franca com um especialista, que deverá solicitar exames, para estabelecer uma conduta adequada tanto para a mãe, quanto para o bebê.

Aliás, a relação com o obstetra é um quesito fundamental. Deve haver segurança e confiança, para que as recomendações do médico sejam esclarecidas e seguidas adequadamente. “É comum que a mãe tenha várias emoções, por conta das alterações de hormônios, existe a insegurança, sobretudo no caso das mães de primeira viagem… O relacionamento com o obstetra deve ser de confiança. O profissional precisa explicar e tirar todas as dúvidas da paciente, para deixá-la tranquila, nem que, para isso, seja necessário repetir as informações, até que fiquem claras”, pontua Olivotti.

Classificação de risco dos medicamentos: como funciona?
A grande dificuldade na hora de balizar e determinar se um medicamento é seguro ou não para uma mulher tomar durante a gravidez é a falta de estudos. “Até por questões éticas, a maioria dos estudos sobre a segurança de medicamentos na gravidez é feita olhando para trás, ou seja, você reúne informações sobre mulheres que fizeram uso daquele fármaco e relaciona se houve efeitos adversos ou não. Ou, então, aplica-se os resultados obtidos por meio de estudos com animais, como camundongos”, explica o obstetra.

O ponto é que as pesquisas com conclusões mais confiáveis são realizadas “olhando para frente”, ou seja, reunindo pessoas que serão divididas em partes que vão receber o placebo (grupo controle) e partes que receberão o medicamento (grupo experimental). “Só que, por questões éticas, não é possível realizar muitos desses procedimentos com gestantes”, afirma o médico, que lembra o polêmico caso da substância talidomida, usada para doenças autoimunes. “Os estudos feitos com animais não demonstraram riscos e a substância foi liberada para uso em humanos. Só que depois disso constatou-se que fetos de gestantes que receberam o medicamento nasceram com deficiências”, relata. O medicamento foi proibido e retirado de circulação.

Para ajudar os médicos e pacientes a entenderem a segurança dos medicamentos consumidos durante a gravidez, a agência reguladora norte-americana Food and Drugs Administration (FDA) criou uma classificação de risco, utilizada desde o final da década de 1970 em vários lugares do mundo, incluindo o Brasil. Nela, os remédios são divididos em cinco categorias: A, B, C, D e X, de acordo com os potenciais perigos para a grávida e para o bebê, que precisam estar, necessariamente, descritas nas bulas. Funciona assim:

Categoria A – Medicamentos mais seguros, com estudos realizados em mulheres e animais, comprovando que não há riscos. Mas, atenção, isso não significa que podem ser usados sem orientação médica!

Categoria B – Medicamentos que, testados em animais, não demonstraram riscos significativos. Porém, não há pesquisas feitas com humanos.

Categoria C – Não apresentam estudos balizando a segurança em animais ou em humanos. O médico decide se os possíveis benefícios superam os riscos, caso a caso.

Categoria D – Quando há estudos que mostram riscos potenciais ao feto. O médico avalia se é substancial para a paciente a administração do medicamento, em casos em que não é possível resolver a questão com outros tratamentos. A quimioterapia é um exemplo, em caso de câncer na gravidez.

Categoria X – A mais indicativa de proibição, porque tem potencial de provocar morte fetal. “É uma situação mais complexa, geralmente, quando envolve risco extremo de vida para a mãe”, explica Olivotti. “Nosso paciente é sempre o binômio formado pela mãe e pelo bebê, mas a prioridade é sempre salvar a vida da mãe”, aponta o médico.

Segundo o obstetra, é importante reforçar que, nos casos mais graves, em que há uma orientação em torno da necessidade de usar algum fármaco das categorias D ou X, é sempre importante ampliar a discussão, envolvendo a família e consultando mais de uma opinião médica.

Remédios naturais e fitoterápicos estão liberados?

Sabe aquela prateleira da farmácia onde há remédios “naturais” ou fitoterápicos, à base de ativos vegetais? Muitas pessoas tendem a pensar que, como eles são comercializados livremente e têm esse apelo de serem inofensivos, o uso pode ser feito sem um controle mais rígido, em qualquer fase da vida, inclusive na gestação. Mas não é bem assim. “O uso sempre deve ser discutido com o médico”, ressalta o obstetra. “Até os alimentos e bebidas que uma mulher ingere durante a gestação podem ter potenciais efeitos sobre a gravidez e o bebê. Alguns chás e o café, em excesso, por exemplo, não são recomendados”, acrescenta.

Grávidas podem tomar suplementos vitamínicos à vontade?

Ok, medicamentos precisam de orientação, ainda que sejam feitos com ativos vegetais, como é o caso dos fitoterápicos. Mas e os suplementos vitamínicos? Vitaminas só podem ajudar e não há como o consumo trazer algum tipo de risco, certo? Errado! “O uso de suplementos também deve ser feito da forma correta, orientada por um especialista, preferencialmente depois de realizar exames para avaliar as necessidades da mãe”, explica Olivotti. De acordo com o médico, há o risco, por exemplo, de a mulher tomar um suplemento ou uma vitamina que até poderia ajudar, mas na dosagem errada. Se a dose for baixa, não vai fazer efeito. Se for uma superdosagem, pode provocar um desequilíbrio e prejudicar a saúde materna e fetal.

O ideal, para todas as situações, é fazer um pré-natal completo, com um médico de sua confiança, que a faça se sentir segura e responda sempre suas dúvidas, estando disponível para os momentos em que você precisar. Assim, a mãe e o bebê passam com mais tranquilidade por essa jornada desafiadora e encantadora, que é a gestação.

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